Páginas

quinta-feira, 30 de junho de 2011

COLORAÇÃO DE GRAM



COLORAÇÃO DE GRAM:

DEFINIÇÃO:
Os métodos de coloração são muito importantes em bacteriologia, pois facilitam a visualização das bactérias ao microscópio de luz. a coloração de gram separa as bactérias em duas classificações de acordo com a composição da parede celular.
Tanto a espessura da parede celular, quanto as dimensões dos espaços intersticiais, por exemplo, "diâmetro do poro", parecem ser determinantes do resultado final da coloração de Gram. Segundo esse conceito, quando as estruturas celulares são cobertas pela violeta-de-metila, todas se coram em roxo. Com a adição do lugol, também chamado de mordente, ocorre a formação do completo iodo-pararosanilina. Esta reação tem a propriedade de fixar o
corante primário nas estruturas coradas. Algumas estruturas perdem a cor violeta rapidamente, quando se aplica um agente descorante, como álcool etílico, enquanto outras perdem sua cor mais lentamente ou não perdem a cor. A safranina cora as estruturas que foram descoradas.
As bactérias que têm a parede celular composta por mureína (peptideoglicano - peptídeo de ácido n-acetil murâmico) (GRAM +), durante o processo de descoloração com álcool etílico, retém o corante. Já as bactérias com parede celular composta predominantemente por ácidos graxos (lipopolissacarídeos e lipoproteínas) (GRAM -), perdem o complexo iodo-pararosanilina, assumindo a cor do corante de fundo.

INDICAÇÕES:
Microorganismos com parede celular gram negativas e gram positivas.

LIMITAÇÕES:
- microorganismos sem parede celular (Ex. micoplasmas)
- número de organismos baixo. Necessita-se de 104 organismos/mL no mínimo para a coloração de Gram.

COMO FAZER O CONTROLE DE QUALIDADE DO MÉTODO DE COLORAÇÃO DE GRAM?
O controle de qualidade é uma atividade obrigatória da rotina diária. Para realizar o controle de qualidade dos corantes e da coloração de Gram, você precisa de duas cepas bacterianas: a Gram-positiva deverá ser um Streptococcus pyogenes ATCC - American Type Culture Collection - nº 19.615 e a Gram-negativa deverá ser a Escherichia coli ATCC nº 25.922.

QUAIS AS DIFERENÇAS BIOQUÍMICAS ENTRE A SAFRANINA E A FUCSINA?

PROCEDIMENTO:

1- PREPARO DE ESFREGAÇO BACTERIANO:

1.1- A PARTIR DE COLÔNIAS BACTERIANAS:

- colocar uma gota de solução salina estéril na lâmina;
- tocar a colônia bacteriana com uma alça de níquel-cromo e homogeneizar o material da alça na gota de salina colocada da lâmina;
- distender a suspensão bacteriana com movimentos elípticos até que esta forme um "filme" tênue e homogêneo (ESFREGAÇO);
- deixar o esfregaço secar a temperatura ambiente;
- fixar o esfregaço à lâmina passando esta por 3-5 vezes sobre a chama do bico de Bunsem;

1.2- A PARTIR DE CULTURAS EM MEIO LÍQUIDO:

- colocar uma "alçada" da cultura na lâmina;
- distender a suspensão bacteriana com movimentos elípticos até que esta forme um "filme" tênue e homogêneo;
- deixar o ESFREGAÇO secar a temperatura ambiente;
- fixar o esfregaço à lâmina passando esta por 3-5 vezes sobre a chama do bico de Bunsem;

2- COLORAÇÃO DO ESFREGAÇO BACTERIANO PELO MÉTODO DE GRAM:

- cobrir o esfregaço com a Solução de Cristal Violeta por 1 minuto;
- desprezar o corante e lavar a lâmina com água corrente (não deixar que o jato de água incida diretamente sobre o esfregaço);
- cobrir o esfregaço com o Solução de Lugol (iodo + iodeto de potássio) por 1 minuto;
- desprezar o mordente e lavar a lâmina com água corrente;
- cobrir o esfregaço com o Solução Descorante por alguns segundos e desprezar;
- lavar a lâmina com água corrente*;
- cobrir o esfregaço com a Solução de Contra-Corante (safranina ou fucsina de Ziehl-Neelsen diluída 1/10) por 30 segundos;
- desprezar o contra-corante e lavar a lâmina com água corrente*;
- secar a lâmina e observar ao microscópio óptico com objetiva de imersão;






MICROSCOPIA DIAGNÓSTICA

INTRODUÇÃO À MICROSCOPIA 



O laboratório de microbiologia tem por objetivos:
- Proporcionar informações precisas sobre a presença ou ausência, na amostra, de microorganismos que podem estar envolvidos no processo de doença do paciente.
- Quando relevante, proporcionar informações a respeito da susceptibilidade antimicrobiana dos microorganismos isolados.

FINALIDADES DOS EXAMES LABORATORIAIS

- Detectar 
microorganismos ou 
seus produtos em amostras coletadas do paciente

- Evidenciar a 
resposta imune do paciente (produção de anticorpos) à infecção.





CATEGORIAS DE EXAMES LABORATORIAIS

- Identificação de microorganismos pelo isolamento e cultura;
- Identificação de um produto microbiano específico;
  Outras técnicas que não de cultivo;
  Componentes estruturais das células (antígenos de parede);
  Produtos extracelulares (toxinas);
  Análise de DNA.
- Identificação de anticorpos específicos a um patógeno.


OBTENÇÃO DAS AMOSTRAS

- As amostras devem ser relevantes e de boa qualidade;
- Coletadas em recipientes adequados e estéreis.


- Líquidos ou tecidos são utilizados para cultura ou detecção de produtos microbianos;
- As respostas por anticorpos são detectáveis em amostras de soro;
- Todas as amostras devem ser adequadamente identificadas e acompanhadas de um formulário adequado;
- Todas as amostras clínicas devem ser consideradas potencialmente infecciosas. 

TRANSPORTE DAS AMOSTRAS
- As amostras devem ser encaminhadas ao laboratório o mais rápido possível;
- Os meios de transporte preservam os microorganismos;

AMOSTRAS DE FLUIDOS E TECIDOS:
- Recipientes estéreis e sem adição de preservativos;

SWABS:
- Transportados em meio que conserve os microorganismos (ágar úmido);

MEIOS DE TRANSPORTE:
- Meios de Stuart ou de Amies ou meios contendo tioglicolato.

BACTÉRIAS ANAERÓBICAS:
- Amostra de pus com agulha e seringa e ser encaminhada imediatamente.

INTRODUÇÃO À MICROSCOPIA




- Para a análise microscópica, siga as seguintes instruções:

- Cuidado com o equipamento, não tire-o do lugar e nem mexa na lâmina que está previamente posicionada.
- Relembre as partes do microscópio. NUNCA MEXA NO AUMENTO MACRO (roda maior) E SIM SOMENTE NO MICRO (roda menor) POIS EXISTE UMA GRANDE POSSIBILIDADE DE QUEBRAR A LÂMINA.
- Macro-foco:  NUNCA MEXA
- Micro foco:  Pode manipular





MICROBIOTA NORMAL

MICROBIOTA NORMAL é o termo utilizado para descrever várias bactérias e fungos que são residentes permanentes de determinados sítios corporais, especialmente a pele, orofaringe, cólon e a vagina. Os vírus e parasitas, que correspondem aos dois outros importantes grupos, não são considerados membros da microbiota normal. Os membros da microbiota normal variam de um sítio a outro quanto ao número e ao tipo. Os órgãos internos habitualmente são estéreis. Regiões como o sistema nervoso central, o sangue, os brônquios inferiores e alvéolos, o fígado, o baço, os rins e a bexiga, são desprovidas de organismo, exceto por aqueles organismos transientes.

MICROBIOTA NORMAL DA PELE

STAPHYLOCOCCUS EPIDERMIDIS
Não é patogênico quando situado na pele, porém pode causar doenças quando atinge determinados sítios, como válvulas cardíacas artificiais ou articulações prostéticas.

STAPHYLOCOCCUS AUREUS
Há cerca de 10³  organismos/cm² de pele. A maioria localiza-se superficialmente no estrato córneo, porém alguns encontram-se nos folículos pilosos e atuam como reservatório para substituir a microbiota superficial após a lavagem das mãos.

PROPIONIBACTERIUM


A CANDIDA ALBICANS é também um membro da microbiota normal da pele. Pode atingir a corrente sanguínea quando a pele é perfurada por agulhas. Ela é importante causa de infecções sistêmicas em pacientes que apresentam baixa imunidade mediada por células.


MICROBIOTA NORMAL DO TRATO RESPIRATÓRIO

Um amplo espectro de organismo coloniza o nariz, a garganta e a boca, porém os brônquios inferiores e alvéolos contém poucos organismo ou nenhum.
O nariz é colonizado por uma variedade de espécies estreptocócicas e estafilocócicas, a mais importante é S. AUREUS.

Surtos ocasionais de doenças devido a esse organismo, particularmente em berçários, podem estar associados a profissionais de saúde portadores do organismo no nariz, na pele ou na região perianal.



A garganta contém uma variedade de estreptococos do grupo viridans, espécies de NEISSERIA E S. EPIDERMIDIS. Ocupam sítios de adesão da mucosa da faringe.

A STREPTOCOCCUS MUTANS, é um membro do grupo viridans, tem interesse especial por estar presente em grande número na placa dental, a precursora da cárie


A EIKENELLA CORRODENS causa infecções de pele e de tecidos moles associados às mordeduras humanas e lesões por soco.




São encontrados nos sulcos gengivais onde a concentração de oxigênio é muito baixa. Quando aspirados, esses organismos podem causa abcessos pulmonares, especialmente em pacientes debilitados e com má higiene dental.


Um actinomiceto anaeróbio, que pode causar abscessos na mandíbula, nos pulmões ou no abdômen.

MICROBIOTA NORMAL DO TRATO INTESTINAL

Em indivíduos com dieta normal, o estômago contém poucos organismos devido a seu baixo pH e suas enzimas. O intestino delgado habitualmente contém pequeno número de estreptococos, lactobacilos e leveduras, particularmente C. ALBICANS. Grande parte sendo encontrados na porção terminal do íleo.


A microbiota normal do trato intestinal desempenha importante papel nas doenças extraintestinais.


A E. COLI corresponde à principal causa de infecções do trato urinário.


A BACTEROIDES FRAGILIS é uma importante causa de peritonite associada à perfuração da parede intestinal por trauma, apendicite ou diverticulite.


A ENTEROCOCCUS FAECALIS  é responsável por infecções do trato urinário e endocardite.


A PSEUDOMONAS AERUGINOSA pode causar diversas infecções, particularmente em pacientes hospitalizados e com defesas comprometidas, encontra-se presente em 10% das fezes normais, bem como solo e água.

MICROBIOTA NORMAL DO TRATO GENITOURINÁRIO


A microbiota vaginal de mulheres adultas contém principalmente espécies de LACTOBACILLUS. São responsáveis pela produção do ácido que mantém baixo o pH da vagina da mulher adulta.
A vagina situa-se próximo ao ânus, podendo ser colonizada por membros da microbiota fecal. Mulheres propensas a infecções recorrente do trato urinário albergam organismo como E. COLI e ENTEROBACTER no introito.






















quarta-feira, 29 de junho de 2011

CRESCIMENTO BACTERIANO

CICLO DE CRESCIMENTO


As bactérias reproduzem-se por fissão binária, uma célula parental divide-se em duas células filhas. Chamado de crescimento exponencial ou crescimento logarítmico.
O tempo de duplicação (geração) das bactérias varia somente de 20 minutos, o crescimento exponencial e o tempo curo de duplicação de alguns organismos resultam na rápida geração de grande número de bactérias.


NUTRIÇÃO 

AUTOTRÓFICAS: “auto-alimentação” é o mecanismo pelo qual os 
organismos sintetizam suas próprias estruturas orgânicas a partir de 
moléculas inorgânicas e dióxido de carbono

HETEROTRÓFICAS: mecanismo pelo qual os organismos absorvem as 
substâncias orgânicas pré-formadas (proteínas, carboidratos e 
lipídeos) e as quebram para a ressíntese dos componentes 
bacterianos, durante a sua formação.

CIANOBACTÉRIAS: são capazes de realizar a fotossíntese. Além 
disso, algumas delas (Anabaena, Nostoc), assim como Rhizobiume Azotobacter, são capazes de fixar o nitrogênio, sendo de grande 
importância no ciclo do nitrogênio. Algumas bactérias fazem fotossíntese utilizando ácido sulfídrico ao invés de água, liberando gases de enxofre. Outras utilizam compostos de carbono, como o metano, podendo ser úteis em 
águas poluídas.

QUIMIOSSINTETIZANTES: utilizam substâncias químicas como fonte de energia para sintetizar a matéria orgânica, e não a luz, como as fotossintetizantes. Por isso podem viver em ambientes escuros. Existem bactérias capazes de realizar a respiração anaeróbica em zonas profundas do mar, resgatando a energia e os materiais presentes nessas regiões, que sobem das profundezas por difusão, tornando-os disponíveis aos aeróbicos. 

FERMENTADORAS: que têm como produto da sua fermentação álcool, ácido lático ou ácido acético (presente no vinagre). E as bactérias também podem realizar respiração aeróbica, necessitando de oxigênio para isso. 

FATORES DE CRESCIMENTO 

Para que estes microrganismos possam crescer, certos compostos devem ser obtidos do meio natural ou artificial em que vivem.

COMPOSIÇÃO QUALITATIVA:
Entre as bactérias heterotróficas há uma imensa variedade de 
exigências nutritivas. Algumas são capazes de crescer em meio muito simples, constituído de uma solução de glicose, sal de amônio e alguns sais minerais. A 
partir desses compostos, sintetizam todos os componentes do protoplasma: proteínas, polissacarídeos, ácidos nucléicos, coenzimas, etc. Outras, todavia, são incapazes de sintetizar determinados compostos orgânicos essenciais para o seu metabolismo. Muitos desses fatores são componentes de coenzimas, que, para o homem, são vitaminas. 
Um meio pode ter uma composição simples, contendo um único carboidrato como fonte de energia e carbono e alguns sais minerais Microrganismos mais exigentes: apresentando composição complexa, contendo várias fontes de carbono e energia, vitaminas e aminoácidos, podendo ainda ser acrescidos de sangue ou soro de animais.

TÉCNICAS DE CULTIVO

MEIOS DE CULTURA

Meio de cultura é uma mistura de nutrientes necessários ao crescimento microbiano. Basicamente deve conter a fonte de energia e de todos os elementos imprescindíveis à vida das células. 
A formulação de um meio de cultura deve levar em conta o tipo nutritivo no qual o microrganismo pertence, considerando-se a fonte de energia (luz ou substância química), o substrato doador de elétrons (orgânico ou inorgânico) e a fonte de carbono (orgânica ou inorgânica). 
Estabelecidas as condições gerais, o meio de cultura deve ainda atender as necessidades específicas do grupo, da família, do gênero ou da espécie que se deseja cultivar. 
Imprescindível acrescentar ao meio vitaminas, cofatores, aminoácidos, etc., quando estes compostos não são sintetizados pelos microrganismos que se deseja cultivar.

FATORES DE CRESCIMENTO 

Limites de quantidade de cada componente substâncias para neutralizar a ação de produtos tóxicos lançados pelos próprios microrganismos, que sofrem os efeitos de seu acúmulo. Um exemplo rotineiro é adição de tampões para impedir a queda de pH provocada pelos ácidos orgânicos produzidos por 
fermentação bacteriana. 

TIPOS DE MEIOS:

- LÍQUIDOS
- SÓLIDOS: quando a solução aquosa é gelificada por um polissacarídeo 
extraído de algas, o ágar.O meio sólido é obrigatoriamente usado quando se pretende separar células.Cada célula individualizada ou agrupamento isolado dá origem, por multiplicação, a um aglomerado que constitui uma colônia. Colônias de diferentes espécies geralmente apresentam características morfológicas diferentes.


Os meios de cultura seletivos: contêm uma substância que inibe o crescimento de um determinado grupo de microrganismos, mas permite o desenvolvimento de outros.

INFLUÊNCIA DE FATORES AMBIENTAIS

A tomada de nutrientes e posterior metabolismo são influenciados por fatores 
físicos e químicos do meio ambiente. 
Os principais fatores são: 
- TEMPERATURA;
- PH;
- PRESENÇA DE OXIGÊNIO;
- PRESSÃO OSMÓTICA;
- LUZ.

TEMPERATURA
Cada tipo de bactéria apresenta uma temperatura ótima de crescimento.
Ultrapassado o limite superior, rapidamente ocorre desnaturação do material celular e, conseqüentemente, a morte da célula. As temperaturas inferiores à ótima levam a uma desaceleração das reações metabólicas, com diminuição da velocidade de multiplicação celular, que em caso extremo, fica impedida. 
As variações quanto ao requerimento térmico permite classificar as bactérias segundo a temperatura ótima para o seu crescimento, em:

- PSICRÓFILAS: entre 12 e 17º C
- MESÓFILAS: entre 28 e 37ºC
- TERMÓFILAS: 57 e 87ºC

Embora grupos excêntricos, que necessitam de altas temperaturas para o seu crescimento (Thermusthermophilus) a maioria concentra-se no grupo de mesófilas, principalmente as de interesse médico, veterinário e agronômico.

PH
Os valores de pH em torno da neutralidade são os mais adequados para absorção de alimentos para a grande maioria das bactérias. Existem, no entanto, grupos adaptados a viver em ambientes ácidos (Lactobacillus) e alcalinos (Spirochaetaamericana).

OXIGÊNIO
O oxigênio pode ser indispensável, letal ou inócuo para as bactérias, o que 
permite classificá-las em:
AERÓBIAS ESTRITAS: exigem a presença de oxigênio, como as do gênero 
Acinetobacter.
MICROERÓFILAS: necessitam de baixos teores de oxigênio, como o Campylobacterjejuni.

CAMPYLOBACTER JEJUNI

SÍNDROME DE GUILLAIN-BARRÉOU - polirradiculoneurite aguda
Distúrbio dos nervos periféricos que paralisava os membros, o pescoço e os 
músculos respiratórios.

ACINETOBACTER
São importantes organismos no solo, onde contribuem na mineralização de, por exemplo, compostos aromáticos. As Acinetobacter também são uma importante fonte de infecções hospitalares, quando atingem principalmente 
pacientes imunologicamente debilitados.

FACULTATIVAS: apresentam mecanismos que as capacitam a utilizar o oxigênio quando disponível, mas desenvolver-se também em sua ausência. ESCHERICHIA COLI e várias bactérias entéricas tem esta característica. 

ANAERÓBIAS ESTRITAS: não toleram o oxigênio. CLOSTRIDIUM TETANI, bactéria produtora de potente toxina que só se desenvolve em tecidos necrosados carentes de oxigênio.

REPRODUÇÃO BACTERIANA

CRESCIMENTO: aumento do protoplasma celular pela síntese de ácidos nucléicos, proteínas, polissacarídeos e lipídeos; e, absorção de água e eletrólitos. Termina na divisão celular.
MULTIPLICAÇÃO: resposta necessária à pressão de crescimento.
CISSIPARIDADE: formação de um septo equatorial na região do mesossomo e divisão da célula-mãe, em duas células filhas. 
“Cocos” em qualquer direção, “bacilos e espirilos”, no sentido transversal.

CURVA DE CRESCIMENTO BACTERIANO
Os estudos de crescimento são feitos essencialmente em meios líquidos e as considerações que seguem são válidas para essas condições.
Quando uma determinada bactéria é semeada num meio líquido de composição apropriada e incubada em temperatura adequada, o seu crescimento segue uma curva definida e característica.

FASE LAG (A): esta fase de crescimento ocorre quando as células são transferidas de um meio para outro ou de um ambiente para outro. 
Esta é a fase de ajuste e representa o período necessário para adaptação das células ao novo ambiente. As células nesta fase aumentam no volume total em quase duas ou quatro vezes, mas não se dividem. 
Tais células estão sintetizando DNA, novas proteínas e enzimas, que são 
um pré-requisito para divisão.

FASE EXPONENCIAL OU LOG (B): nesta fase, as células estão se dividindo a 
uma taxa geométrica constante até atingir um máximo de crescimento. 
Os componentes celulares como RNA, proteínas, peso seco e polímeros da 
parede celular estão também aumentando a uma taxa constante. Como as células na fase exponencial estão se dividindo a uma taxa máxima, elas são muito menores em diâmetro que as células na fase Lag. 
A fase de crescimento exponencial normalmente chega ao final devido à depleção de nutrientes essenciais, diminuição de oxigênio em cultura aeróbia ou acúmulo de produtos tóxicos.

FASE ESTACIONÁRIA (C): durante esta fase, há rápido decréscimo na taxa de divisão celular. Eventualmente, o número total de células em divisão será igual ao número de células mortas, resultando na verdadeira população celular estacionária. A energia necessária para manter as células na fase estacionária é denominada energia de manutenção e é obtida a partir da degradação de produtos de armazenamento celular, ou seja, glicogênio, amido e lipídeos.

FASE DE MORTE OU DECLÍNIO (D): quando as condições se tornam fortemente impróprias para o crescimento, as células se reproduzem mais lentamente e as células mortas aumentam em números elevados. Nesta fase o meio se encontra deficiente em nutrientes e rico em toxinas produzidas pelos próprios microrganismos.

TOXICIDADE SELETIVA
Proposto por Paul Erlich (1854-1915)


Relaciona-se com a estrutura e o metabolismo dos microorganismos e das 
células hospedeiras. Células procariotas são diferentes de células eucariotas
Vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, possibilitando a morte das 
células hospedeiras mediante um antiviral.

MÉTODOS DE CLASSIFICAÇÃO DOS AGENTES ANTIBACTERIANOS

- PELA AÇÃO BACTERICIDA OU BACTERIOSTÁTICA
BACTERICIDA: matam as bactérias
BACTERIOSTÁTICO: inibem o crescimento
Utilizado no controle de infecções para que o hospedeiro possa atual e controlar a população. Alguns podem ser bacteriostático para certas bactérias e bactericidas para outras.
Para pacientes imunocomprometidos é menos eficiente

- PELO SÍTIO-ATIVO
Síntese de parede celular
Síntese de proteínas
Síntese de ácidos nucléicos
Função da membrana celular

- PELA ESTRUTURA QUÍMICA
Normalmente combinada com a estrutura do sítio alvo

RESISTÊNCIA AOS AGENTES ANTIBACTERIANOS
Um microorganismo é resistente quando não é inibido ou destruído por uma agente antimicrobiano em concentrações da droga atingíveis no organismo após a dosagem normal.


terça-feira, 28 de junho de 2011

ESTERILIZAÇÃO E DESINFECÇÃO

REPROCESSAMENTO
Processo a ser aplicado a produtos médicos-hospitalares, exceto os de uso único, para permitir sua reutilização que inclui:
- limpeza;
- desinfecção;
- embalagem;
- esterilização;
- testes de qualidade.

REESTERILIZAÇÃO
Processo de esterilização de produto já esterilizado mas não utilizado, dentro do prazo de validade do produto.

ESTERILIZAÇÃO
Morte ou remoção de todos os microorganismos incluindo esporos de bactérias, que são altamente resistentes.

- Autoclavação: 121ºC sob pressão 15lb\pol² por no mínimo 15 minutos.
- Óxido de etileno: instrumentos que podem ser danificados por calor úmido.
- Soluções intravenosas: filtração.

MÉTODOS DE ESTERILIZAÇÃO

FÍSICOS
RADIAÇÃO IONIZANTE

CALOR
- ÚMIDO (AUTOCLAVE)
- SECO (ESTUFA)

QUÍMICOS
SOLUÇÃO:
- Glutaraldeído 2%
- ácido peracético 0,2%
- peróxido de hidrogênio 3 - 6%

GASOSO
- Óxido de etileno - ETO
- Plasma de peróxido de hidrogênio _ Sterrad@
- Autoclave de formaldeído

ESTERILIZAÇÃO A VAPOR SATURADO
AUTOCLAVE:
PARÂMETROS ESSENCIAIS

- tempo
- temperatura\pressão

TIPOS DE AUTOCLAVE
- gravitacional
- pré-vácuo

MONITORAMENTO DO PROCESSO

- Testar a eficácia do equipamento na instalação e após a manutenção
- Verificar a eficácia após qualquer modificação proposta no processo de esterilização
- Estabelecer a eficácia como rotina diária

INDICADORES QUÍMICOS
CLASSE 1:
Tiras impregnadas com tinta termo-química que muda de coloração quando exposto a temperatura. 
- usados externamente em todos os pacotes
- evidenciam a passagem do material pelo processo


CLASSE 2
Teste de Bowie & Dick - testa a eficácia do sistema de vácuo da autoclave pré-vácuo.
- verifica a eficiência da bomba de vácuo;
- espera-se mudança uniforme da cor do papel, em toda sua extensão;
- recomenda-se que seja feito no primeiro ciclo do dia ou pelo menos a cada 24 horas
- caso não haja homogeneidade na revelação, efetuar revisão imediata do equipamento.

CLASSE 3:
Indicador de parâmetro único

- controla um único parâmetro: a temperatura pré-estabelecida
- utilizados no centro dos pacotes

CLASSE 4:
Indicador multiparamétrico

- controla a temperatura e o tempo necessário para o processo.

CLASSE 5:
Integrador; controla temperatura, tempo e qualidade do vapor.

CLASSE 6:
Integrador mais preciso por oferecer margem de segurança maior. Reage quando 95% do ciclo é concluído.



DESINFECÇÃO
Morte de muitos, mas não todos os microorganismos. Os esporos e alguns tipos de microorganismos não morrem.
- Superfícies inanimadas: corrosivos como fenol.
- Superfícies vivas (ex.: cutâneas): etanol e iodo.
- Cutâneas: anti-sépticos


DESINFECÇÃO QUÍMICA MANUAL
- glutaraldeído 2%, ácido peracético, compostos fenólicos, cloro, álcool 70%

TERMODESINFECÇÃO

LIMPEZA
Remoção mecânica da sujidade externa, com morte de alguns microorganismos.
Podendo ser:

MANUAL

- detergente (enzimático)
- escovas
- jatos de água
- água quente


AUTOMATIZADA


- equipamentos específicos (lavadoras)
- detergente (enzimático)
- temperatura

CLASSIFICAÇÃO DOS MATERIAIS
MATERIAIS CRÍTICO
São materiais que entra em contato com vasos sanguíneos ou tecidos livros de microorganismos. Ex: instrumental    -    ESTERILIZAÇÃO



MATERIAL SEMI-CRÍTICO
Entra em contato com mucosa ou pele não íntegra. Ex. Inaladores - DESINFECÇÃO


MATERIAL NÃO CRÍTICO
Entra em contato com pele íntegra. Ex. Comadre -- LIMPEZA




MICROBIOLOGIA - BACTERIOLOGIA BÁSICA

AGENTES


Os agentes de doenças infecciosas humanas pertencem a cinco principais grupos de organismos: bactérias, fungos, protozoários, helmintos e vírus. As bactérias pertencem ao reino dos procariotos, os fungos (leveduras e bolores) e os protozoários são membros do reino protista e os helmintos (vermes) são classificados no reino animal. Os vírus são bastante distintos dos demais organismos - não exibem natureza celular, mas só conseguem replicar-se no interior de células.

ESTRUTURA DE CÉLULAS BACTERIANAS
FORMA E TAMANHO


As bactérias são classificadas em três grupos básicos, de acordo com a forma: cocos, bacilos e espiroquetas.






Os cocos são esféricos, os bacilos exibem forma de bastonetes e os espiroquetas são espiralados. Algumas bactérias variam quanto à forma, sendo referidas como pleomórficas (com muitas formas).
Além de suas formas características, o arranjo das bactérias é importante. Alguns cocos organizam-se em pares (diplococos), alguns em cadeias (estreptococos), e outros, em agrupamentos semelhantes a um cacho de uvas (estafilococos).
As bactérias variam em tamanho desde até cerca de 0,2 a 5 micrometro. As menores bactérias (Mycoplasma) exibem tamanho aproximadamente equivalente aos maiores vírus e correspondem aos menores organismos capazes de existir fora de um hospedeiro. As bactérias bacilares mais longas exibem tamanho similar ao de algumas leveduras e hemácias humanas.




ESTRUTURA
PAREDE CELULAR
É o componente mais externo, comum a todas as bactérias (exceto espécies de  Mycoplasma, que são envoltas por uma membrana celular e não por uma parede celular). Algumas espécies exibem propriedades superficiais externas à parede celular, como uma cápsula, flagelos e pili.
É uma estrutura em multicamadas, composta por uma camada interna de peptideoglicano e uma membrana externa que varia quanto à espessura e à composição química, dependendo do tipo de bactéria. O peptideoglicano confere sustentação estrutural e mantém a forma característica da célula.



DIFERENÇAS DAS PAREDES CELULARES DE BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS E GRAM-NEGATIVAS

(1) BACTÉRIAS GRAM-POSITIVAS
A camada de peptideoglicano é muito mais espessa em bactérias gram-positivas, algumas bactérias gram-positivas também apresentam fibras de ácido teicóico que se projetam para fora do peptideoglicano.

(2) BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS
Possuem uma camada externa complexa, composta por polissacarídeos, lipoproteínas e fosfolipídeos. Entre a camada da membrana externa e a membrana citoplasmática encontra-se o espaço periplasmático. Contém a endotoxina, um lipopolissacarídeo.


PEPTIDEOGLICANO
É uma rede complexa e entrelaçada que envolve toda a célula. Confere sustentação rígida à célula e permite que a célula resista a meios de baixa pressão osmótica, como a água. O peptideoglicano é derivado dos peptídeos e açúcares que compõem a molécula.
Por estar presente em bactérias, mas não em células humanas, o peptideoglicano corresponde a um alvo adequado para fármacos antibacterianos. A enzima lisozima, presente na lágrima, no muco e na saliva de humanos, é capaz de clivar o arcabouço de peptideoglicano, rompendo suas ligações glicosil, contribuindo assim, para a resistência do hospedeiro à infecção microbiana.

LIPOPOLISSACARÍDEO
O lipopolissacarídeo da membrana externa da parede celular de bactérias gram-negativas é uma endotoxina. Responsável por várias características das doenças, como febre e choque. É denominado endotoxina porque consiste em uma porção integral da parede celular. É composto por três unidades distintas:
a-) Um fosfolipídeo denominado lipídeo A, responsável pelos efeitos tóxicos;
b-) Um polissacarídeo cinco açúcares ligado ao lipídeo A por meio de cetodesoxioctulonato;
c-) Um polissacarídeo externo consistindo em até 25 unidades repetidas de 3 a 5 açúcares.

ÁCIDO TEICÓICO
Fibras de glicerol fosfato ou ribitol fosfato situam-se na camada externa da parede celular gram-positiva. Tem a capacidade de induzir o choque séptico quando causado por determinadas bactérias gram-positivas.

MEMBRANA CITOPLASMÁTICA
Internamente à camada peptideoglicano da parede celular localiza-se a membrana citoplasmática, composta por uma bicamada fosfolipídica. Desempenha quatro funções importantes:
1-) Transporte ativo de moléculas para o interior da célula;
2-) Geração de energia pela fosforilação oxidativa;
3-) Síntese de precursores da parede celular;
4-) Secreção de enzimas

MESOSSOMO
Invaginação da membrana citoplasmática, importante durante a divisão celular, atua como a origem do septo transverso que divide a célula pela metade, e como sítio de ligação do DNA que se tornará o material genético de cada célula-filha.

CITOPLASMA
Possui duas áreas distintas:
1-) Uma matriz amorfa que contém ribossomos, grânulos de nutrientes, metabólitos e plasmídeos;
2-) Uma região nucleoide interna composta por DNA.

RIBOSSOMOS
São o sítio da síntese proteica.

GRÂNULOS
Contém vários tipos de grânulos que atuam como áreas de armazenamento de nutrientes e coram-se de modo característico com determinados corantes.

NUCLEOIDE
É a região onde o DNA está localizado, o DNA de procariotos é uma molécula circular contendo cerca de 2.000 genes, não apresenta membrana nuclear, nucléolo, fuso mitótico e nem histonas.

PLASMÍDEOS
São moléculas de DNA de fita dupla, circulares e extracromossomais, capazes de replicar-se independente do cromossomo bacteriano. Presentes tanto nas bactérias gram-positivas quanto gram-negativas. Podendo haver vários tipos diferentes em uma célula:
PLASMÍDEOS TRANSMISSÍVEIS podem ser transferidos de uma célula para outra por conjugação. São grandes, contém cerca de uma dúzia de genes responsáveis pela síntese do pilus sexual e das enzimas.
PLASMÍDEOS NÃO TRANSMISSÍVEIS são pequenos e não contêm os genes de transferência.
FUNÇÃO:
1-) Resistência a antibióticos;
2-) Resistência a metais pesados (mercúrio, prata);
3-) Resistência à luz ultravioleta
4-) Pili, que medeiam a adesão de bactérias
5-) Exotoxinas

TRANSPOSONS
São segmentos de DNA que se deslocam de um sítio a outro, tanto no interior quanto entre os DNAs de bactérias, plasmídeos e bacteriófagos. 

ESTRUTURAS ESPECIALIZADAS EXTERNAS À PAREDE CELULAR

CÁPSULA
Uma camada gelatinosa que reveste toda a bactéria, composta de polissacarídeos. 
FUNÇÕES:
1-) Determinante da virulência de diversas bactérias, limita a capacidade de fagócitos engolfarem as bactérias;
2-) Identificação específica de um organismo
3-) Os polissacarídeos são utilizados como antígenos em determinadas vacinas;
4-) Desempenha papel na adesão das bactérias aos tecidos humanos.

FLAGELOS
São apêndices longos, semelhantes a um chicote que deslocam as bactérias em direção aos nutrientes, atua como um propulsor. Algumas bactérias apresentam um, enquanto outras apresentam várias, em algumas, os flagelos estão localizados em uma extremidade, enquanto em outros estão distribuídos por toda a superfície externas.



PILI (FIMBRIAS)
São filamentos semelhantes a pelos que se estendem a partir da superfície celular, mais curtos e lineares que os flagelos. São encontrados principalmente em organismo gram-negativos.
FUNÇÕES:
1-) Mediam a ligação das bactérias a receptores específicos da superfície de células humanas;
2-) Pilus sexual, estabelece a ligação entre as bactérias macho e fêmea.


GLICOCÁLIX
Revestimento polissacarídeo secretado por muitas bactérias. Possibilita a firme aderência das bactérias a estruturas variadas, por exemplo, pele, válvulas cardíacas e cateteres.

ESPOROS
São estruturas altamente resistente, formadas em resposta às condições adversas por dois gêneros de bacilos gram-positivos. A formação de esporos corre quando os nutrientes, como fonte de carbono e nitrogênio, são depletados. É formado no interior da célula e contém DNA bacteriano. Uma vez formado, o esporo não exibe qualquer atividade metabólica, podendo permanecer dormente por muitos anos. Quando exposto à água e a nutrientes apropriados, enzimas específicas degradam o revestimento, à água e os nutrientes penetram, onde ocorre a germinação em uma célula bacteriana potencialmente patogênica. São resistentes ao calor e compostos químicos. Para a esterilização deve estar em aquecimento por vapor sob pressão (autoclave) a 121ºC, geralmente por 30 minutos.