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segunda-feira, 27 de junho de 2011

TIPOS DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

- Estudos epidemiológicos sobre as condições e determinantes da saúde são fundamentais para subsidiar políticas de saúde voltadas para a população.

- Epidemiologia - estudo da distribuição e dos determinantes das doenças ou condições relacionadas à saúde em populações especificas e a aplicação desses estudos para controlar problemas de saúde.

Estudo inclui vigilância, observação, pesquisa analítica e experimento.
Distribuição refere-se à análise por tempo, local e características dos indivíduos.
Determinantes são todos os fatores físicos, biológicos, sociais,culturais e comportamentais que influenciam a saúde.
Condições relacionadas à saúde incluem doenças, causas de mortalidade, hábitos vida (como tabagismo, dieta, atividades físicas, etc), provisão e uso de serviços de saúde e de medicamentos.
Populações específicas são aquelas com características identificadas, como, por exemplo, determinada faixa etária em uma dada população.

TIPOS DE ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS

PRINCIPAIS DESENHOS

ESTUDOS OBSERVACIONAIS
ESTUDO DESCRITIVO
1. Estudo de caso\Série de Casos 

ESTUDO ANALÍTICO
2. Transversal
3. Ecológico 
4. Caso-controle
5. Coorte

ESTUDOS DE INTERVENÇÃO
6. Ensaio Clínico Randomizado

ESTUDOS DESCRITIVOS
OBJETIVO:
Determinar a distribuição de doenças ou condições relacionadas à saúde, segundo o tempo, o lugar e\ou as características dos indivíduos.

Responder à pergunta: quando, onde e quem adoece?

ESTUDOS ANALÍTICOS
OBJETIVO:
São aqueles delineados para examinar a existência de associação entre uma exposição e uma doença ou condição relacionada à saúde.

1. ESTUDO DE CASOS/SÉRIE DE CASOS

Relato de um caso ou mais, com detalhes de características clínicas e laboratoriais.
Exemplo - descrição de série de casos de Sarcoma de Kaposi em homens jovens homossexuais com AIDS.

2. ESTUDO TRANSVERSAL
- Usados em saúde pública para avaliar e planejar programas de controle de doenças.
- Medem a prevalência (casos existentes) da doença.
- Dados são coletados num determinado espaço de tempo, especificamente para a obtenção de informações desejadas de grandes populações.
- São fáceis, econômicas e com duração de tempo relativamente curta.
- Na análise de dados é que se saberá quem são os "expostos" e "não expostos" e quem são os "doentes" e os "sadios".
Exemplo: Prevalência da depressão na população X e os fatores sociodemográficos associados - 1996 a 1997.

3. ESTUDO ECOLÓGICO
- Unidade de observação é um grupo de pessoas e não o indivíduo.
- Grupo pertence a uma área geográfica definida (estado, cidade, setor censitário)
- Frequentemente realizados combinando-se arquivos de dados existentes em grandes populações - geralmente mais baratos e mais rápidos
- Avaliam o contexto social e ambiental - medidas coletadas no nível individual muitas vezes são incapazes de refletir adequadamente os processos que ocorrem no nível coletivo - nível de desorganização social = epidemia mais intensa
Exemplo: taxa de mortalidade por câncer ovariano em mulheres de 100 cidades americanas.

4. ESTUDO DE CASO-CONTROLE
- Podem ser utilizados para investigar a etiologia de doenças ou de condições relacionadas à saúde e para avaliar ações e serviços de saúde.
- O investigador parte de indivíduos com e sem doença e busca no passado a presença\ausência do fator de exposição (causa) - PESQUISA RETROSPECTIVA.
- As pessoas são escolhidas porque tem uma doença (os casos) e as pessoas comparáveis sem a doença (os controles) são investigadas para saber se foram expostas aos fatores de risco.
- Melhor estudo para doenças raras. É rápido e barato.
Exemplo: Surto de diarréia em General Salgado e via de transmissão - (Água da rede pública e o agente etiológico Cyclospora Cayetanensis)

5. ESTUDO DE COORTE
- O investigador parte do fator de exposição (causa) para descrever a incidência e analisar associações entre causas e doenças.
- Fornece melhores informações sobre as causas de uma doença.
- Alto custo e longo período de tempo.
- Pode ser dividido em PROSPECTIVO ou RETROSPECTIVO (pode ser confundido com estudo de caso-controle).
Exemplo: Relação entre dieta e coronariopatias em indivíduos de 15 a 50 anos - de 1995 a 2005.

6. ENSAIOS CLÍNICOS

RANDÔMICO: "ao acaso", "a esmo", "sem seleção ou critério de escolha". Significa aleatório, fortuito, casual, acidental, dependente de fatores incertos e sujeitos ao acaso.

DUPLO-CEGO: É um estudo realizado em seres humanos onde nem o examinado nem o examinador sabe o que está sendo utilizado como variável em um dado momento.

VIÉS METODOLÓGICO
Sinônimo de erro sistemático, vício, tendenciosidade, desvio, bias (do inglês)

VIÉS DE SELEÇÃO - erros referentes à escolha da população\pessoas
VIÉS DE AFERIÇÃO - erros na coleta, nos formulários, nas perguntas, despreparo dos entrevistadores
VIÉS DE CONFUNDIMENTO - interações entre variáveis, outras associações, análise estatística inadequada.

VIGILÂNCIA E CONTROLE DAS DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS (DT)

DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
OMS: "É qualquer doença causada por um agente infeccioso específico, ou seus produtos tóxicos, que se manifesta pela transmissão deste agente ou de seus produtos, de uma pessoa, animal infectado ou de um reservatório a um hospedeiro suscetível, direta ou indiretamente por meio de um hospedeiro intermediário, de natureza vegetal ou animal, de um vetor ou do meio ambiente inanimado".

DT NO BRASIL - PAINEL ATUAL

- Séc. XX - Tendência decrescente
- Causas: melhorias no saneamento, moradia e nível de escolaridade; novas tecnologias médicas e ampliação da rede de serviços de saúde.
- Séc. XXI - persistência de doenças (TB), surgimento de novas doenças (AIDS) e pandemias (H1N1).
- Problemas de Saúde Pública - DT que não possuem formas efetivas de prevenção, doenças relacionadas com condições sócio-ambientais - gastos, mortes e disseminações

As DTs que resultam em óbitos são as de maior gravidade: raiva humana, doenças meningocócica, febre amarela, tétano, hantavirose, AIDS e síndrome de rubéola congênita - letalidade superior a 20% (2004).
As DTs ocupam o 7º lugar entre as principais causas de mortalidade no país (em torno de 5,3%).
- DOENÇAS DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA - São doenças cuja gravidade, magnitude, transcendência, capacidade de disseminação do agente causador e potencial de causar surtos e epidemias exigem medidas eficazes para a sua prevenção e controle.

- Doenças por animal peçonhento
- Botulismo
- Carbuncúlo ou Antraz
- Cólera
- Coqueluche
- Dengue 
- Difteria
- Doenças de Chagas (casos agudos)
- Doença de Creutzfeldt-Jacob e outras Doenças Priônicas
- Doença Meningocócica (*) / Meningite por Haemophilus
- Influenzae (*) / Outras Meningites
- Esquitossomose
- Eventos adversos - pós vacinação
- Febre Amarela
- Febre do Nilo Ocidental
- Febre maculosa
- Hanseníase
- Hantavirose
- Hepatites viral
- Hipertemia Maligna
- Influenza humana
- Infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) em gestantes e crianças expostas ao risco de transmissão vertical
- Intoxicação por Agrotóxicos
- Leishmaniose Tegumentar Americana
- Leishmaniose Visceral
- Leptospirose
- Malária
- Peste
- Poliomielite (*) / Paralisia flácida aguda (*)
- Raiva humana
- Rubéola
- Sarampo
- Sífilis Congênita
- Sífilis em Gestantes
- Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS) (**)
- Síndrome da Rubéola Congênita
- Síndrome Febril Ictero-hemorrágica Aguda (*)
- Síndrome Respiratória Aguda Grave
- Tétano Acidental
- Tétano Neo-natal
- Tracoma
- Tularemia
- Tuberculose e Varíola

DOENÇAS TRANSMISSÍVEIS
O controle das doenças transmissíveis tem se baseado em intervenções que procuram interromper um ou mais elos conhecidos da CADEIA EPIDEMIOLÓGICA dos agentes causadores de doenças aos seres humanos.

CADEIA EPIDEMIOLÓGICA = CADEIA DE TRANSMISSÃO

CADEIA DE TRANSMISSÃO

"É um conjunto de eventos (elos) encadeados de tal forma, que para a existência de um elo é necessário que exista o elo anterior e assim sucessivamente, de forma a permitir a propagação do agente patogênico".

Ao se romper um dos elos, cessará a transmissão.
Elos: Agente patogênico -- reservatório -- via de eliminação -- modo de transmissão -- via de penetração -- novo hospedeiro suscetível.

PERÍODOS DAS DOENÇAS
- INCUBAÇÃO: compreende desde a exposição ao agente até o horizonte clínico.
- PRODRÔMICO: Início das manifestações clínicas com sintomas inespecíficos - também pode ocorrer transmissão.
- ESTADO: Manifestações clínicas características - permite formular hipótese diagnóstica e tomar medidas de controle.
- CONVALESCENÇA: Remissão das manifestações clínicas em direção à cura.
- TRANSMISSIBILIDADE: Bioagente sendo eliminado pelas portas de saída.

CONTROLE DAS DTs
- Está baseado no conhecimento cadeia da transmissão.
- Visa eliminar um ou mais elos da cadeia de transmissão.

MEDIDAS DE CONTROLE:

- Busca ativa e busca passiva
- Cobertura de foco - bloqueio na propagação da doença
- Investigação do caso - dados mais completos sobre o caso
- Isolamento
- Notificação do caso
- Quarentena
- Quimioprofilaxia
- Vacinação de Bloqueio
- Vigilância dos Comunicantes




VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

"Conjunto de atividades que permite reunir a informação indispensável para conhecer, a qualquer momento, o comportamento ou história natural das doenças, bem como detectar ou prever alterações de seus fatores condicionantes, com o fim de recomendar oportunamente, sobre bases firmes, as medidas indicadas e eficientes que levem à prevenção e ao controle de determinadas doenças".
Lei Orgânica da Saúde (Lei 8.080/90)

SISTEMA DE VE


FUNÇÕES DE UM SISTEMA DE VE


- coleta de dados
- processamento dos dados coletados
- recomendação de medidas apropriadas
- promoções de ações de controle indicadas
- avaliação da eficácia e efetividade das medidas adotadas
- divulgação das informações pertinentes

TIPOS DE DADOS EM VE


TIPOS DE DADOS:
- Demográficos
- Ambientais
- Sócio-econômicos
- Dados de morbidade
- Notificação de casos/surtos
- Dados de mortalidade

FONTES DE DADOS EM UM SE


ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS
- Inquérito Epidemiológico
- Levantamento Epidemiológico
- Sistemas Sentinelas
                  Evento sentinela: é a detecção de doença previnível, incapacidade ou morte inesperada, cuja ocorrência serve como um sinal de alerta.
- Monitoramento de grupos alvos - exames periódico

ROTEIRO DE INVESTIGAÇÃO EM VE
- Dados de identificação
- Dados de anamnese e exame físico
- Diagnóstico (suspeitas diagnósticas)
- Informações sobre o meio ambiente (exposições)
- Informações sobre o ambiente de trabalho (exposições)
- Busca ativa de casos
- Busca de pistas

PROCESSAMENTO E ANÁLISE DE DADOS


PESSOAS, TEMPO E LUGAR
- Frequências absolutas
- Indicadores Epidemiológicos (incidência, prevalência, letalidade, mortalidade)
-"Quanto mais oportuna for a análise, mais eficiente será o sistema de Vigilância Epidemiológica" (MS, 1996)

OBJETIVOS DE UM SVE
- Prevenção
- Controle
- Eliminação ou Erradicação de uma doença

EXEMPLO DE INVESTIGAÇÃO EM SAÚDE OCUPACIONAL
HISTÓRICO: (EVENTO SENTINELA)


- 1990 - 2 óbitos por doenças hematológicas em uma empresa do pólo petroquímico de Camaçari, BA.
- O 1º de um médico, com diagnóstico de aplasia medular, o 2º um operador de processo com leucemia mielóide crônica.
- Exposição: a empresa processa benzeno, matéria prima na indústria do plástico, tinta, etc...

BENZENISMO
- A intoxicação pelo benzeno ocorre por 3 vias:
a-) respiratória (principal)
b-) cutânea
c-) digestiva
- Seus metabólitos (sub-produtos) são altamente tóxicos e se depositam na medula óssea e nos tecidos gordurosos.
- Manifestações clínicas:
a-) Agudas: efeito narcótico (tonteiras, desmaios, narcose, coma)
b-) Crônicas: mielotoxicidade, carcinogênese, leuconeutropenia
- Limite de Exposição - 1 mg/l (petroquímico) e 3 mg/l (siderúrgico)
- Medidas de proteção são previstas: programas de vigilância da saúde e de monitoramento ambiental e instalação de grupos de prevenção à exposição ocupacional ao benzeno.

O AMBIENTE


- A empresa que notificou os dois óbitos situava-se em um complexo petroquímico integrado, na época com aproximadamente 47 indústrias, com cerca de 50 mil empregados.
- Pistas: identificadas 9 usinas de  produção que utilizavam benzeno.

A INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
Início: Solicitado hemograma dos funcionários dos setores de origem dos casos (marcador biológico de efeito)

RESULTADOS DA INVESTIGAÇÃO:


- Dos 7.356 trabalhadores examinados nas 9 indústrias, 850 (12%) apresentaram leucograma com < de 5.000 leucócitos por mm³, e/ou 2.500/mm³ neutrófilos.
- Esses casos suspeitos foram submetidos a mais de três exames consecutivos, sendo também analisados seus prontuários médicos.
- Ao final, 216 mantiveram-se com valores abaixo de 4.000 leucócitos/mm³, e/ou 2.000/mm³ neutrófilos, e/ou série hematológica com valores decrescentes). Esses casos foram classificados como "casos epidemiológicos".
- Desses, 34 exerciam função administrativa, indicando uma contaminação ambiental.
- O tempo médio no emprego era de 9 anos.
- A evidência da exposição ocupacional determinou o afastamento cautelas dos 216 trabalhadores de suas atividades.
- Emitida CAT (comunicação de acidente de trabalho) com reconhecimento do nexo causal para benzenismo.
- Os valores do benzeno encontrados no ambiente estavam acima do estabelecido pela  legislação vigente.

SISTEMA NACIONAL DE VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA (SNVE)
- Instituições Públicas e privada do SUS
Notificação Compulsória dos Agravos a Saúde
Orientação para o Controle

MODELOS ESPECIAIS DO SNVE


- Vigilância Sentinela
- Vigilância de Infecções hospitalares

AVALIAÇÃO DOS SVEs
- Situação Epidemiológica
- Atualidade da lista de agravos
- Pertinência dos instrumentos utilizados
- Cobertura da rede de notificação
- Funcionamento do fluxo de informações
- Organização da documentação coletada
- Informes analísticos
- Retroalimentação
- Composição e qualificação da equipe técnica
- Interação com as instâncias responsáveis pelas ações de controle
- Interação com a comunidade científica
- Condições administrativas e custos

MEDIDAS QUANTITATIVAS DE AVALIAÇÃO
- Sensibilidade (capacidade de detectar casos)
- Especificidade (capacidade de excluir não-casos)
- Representatividade (evento - tempo, lugar e espaço)
- Oportunidade (agilidade)

MEDIDAS QUALITATIVAS DE AVALIAÇÃO
- Simplicidade
- Flexibilidade
- Aceitabilidade






EPIDEMIOLOGIA E INDICADORES DE SAÚDE

INTRODUÇÃO

A CLÍNICA - Estuda o processo saúde doença em indivíduos, com o objetivo de tratar e curar casos isolados.

A EPIDEMIOLOGIA - Se preocupa com o processo de ocorrência de doenças, mortes, quaisquer outros agravos ou situações de risco à saúde na comunidade, ou em grupos dessa comunidade, com o objetivo de propor estratégias que melhores o nível de saúde das pessoas que compõem essa comunidade.

PROCESSO SAÚDE-DOENÇA NA COMUNIDADE: DIAGNÓSTICO COMUNITÁRIO

DIAGNÓSTICO MÉDICO
OBJETIVO:
Curar a doença da pessoa
INFORMAÇÃO NECESSÁRIA:
-  História Clínica
- Exame físico
- Exames complementares
TIPO DE DIAGNÓSTICO:
Diagnóstico individual
PLANO DE AÇÃO:
- Tratamento
- Reabilitação
AVALIAÇÃO:
- Tratamento clínico\melhora\cura

DIAGNÓSTICO COMUNITÁRIO
OBJETIVO:
- Melhorar o nível de saúde da comunidade
INFORMAÇÃO NECESSÁRIA:
- Dados sobre a população
- Doenças existentes
- Causas de morte
- Serviços de saúde.
TIPOS DE DIAGNÓSTICO:
- Diagnóstico comunitário.
PLANO DE AÇÃO:
- Programas de saúde preventiva
AVALIAÇÃO:
- Mudança no estado de saúde da população.

QUAL O 1º PASSO EM UM ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO?

Analisar o padrão de ocorrência de doenças segundo 3 vertentes: pessoas, tempo e espaço.

EPIDEMIOLOGIA DESCRITIVA
Que responde as perguntas:
QUEM?   QUANDO?   ONDE?

ESTRUTURA EPIDEMIOLÓGICA

É o padrão de ocorrência da doença na população, resultante da interação de fatores do meio ambiente, hospedeiro e do agente etiológico e pode se alterar ao longo do tempo - NORMAL E ANORMAL

Início do século XX - estudos epidemiológicos enfocavam principalmente as doenças infecciosas, pois eram essas as principais causas de morbidade e mortalidade na população.

ETIOLOGIA DA CÓLERA

JOHN SNOW - 1854 - EPIDEMIA EM LONDRES

- mortalidade diferente nos diversos pontos da cidade.
- transmissão poderia estar relacionada à água do abastecimento.
- conduz estudo epidemiológico - taxa de mortalidade (9 x ).
- "veneno colérico" veiculado pela água.
(Robert Kock somente identificou o Vibrio Cholerae em 1883)

1º estudo epidemiológico - MEDIDA DE PREVENÇÃO

MEADOS DO SÉCULO XX = Houve mudanças do perfil epidemiológico das populações. Estudos epidemiológicos enfocam outros tipos de doenças

DOENÇAS NÃO INFECCIOSAS
(câncer, doenças do aparelho circulatório, doenças do aparelho respiratório)

AGRAVOS E LESÕES RESULTANTES DE CAUSAS EXTERNAS
(acidentes de trânsito, doenças e acidentes de trabalho, homicídios, envenenamentos, etc.)

DESVIOS NUTRICIONAIS
(desnutrição, anemia, obesidade, etc. e os fatores de risco para ocorrência de doenças ou mortes como tabagismo, hipercolesterolemia, baixo peso ao nascer).

Na busca de explicações (causas) para a ocorrência dessas doenças e agravos, mais recentemente surge a chamada "epidemiologia analítica".
Desde 1983, têm sido destacados os quatro grandes campos de possibilidade de utilização da epidemiologia nos serviços de saúde:

1-) BUSCA DE EXPLICAÇÕES
(causas ou fatores de risco para a ocorrência de doenças - epidemiologia analítica)

2-) ESTUDOS DA SITUAÇÃO DE SAÚDE
(que doenças ocorrem mais na comunidade? Há grupos mais suscetíveis? Há relação com o nível social? A doença ou agravo ocorre em determinado período do dia, ano?)

3-) AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS, PROGRAMAS OU SERVIÇOS
(houve redução dos casos de doença ou agravo após introdução de um programa? A estratégia de determinado serviço é mais eficaz do que a de outro? A tecnologia "A" fornece mais benefícios que a "B"?)

4-) VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
(que informação devemos coletar, observar? Que atitudes tomar para prevenir, controlar ou erradicar a doença?)

Os dados de importância para a análise de situação de saúde são inúmeros (dados populacionais, sócio-econômicos, ambientais, mortalidade, morbidade, etc) e de fontes diversas.
Os dados são obtidos e catalogados em diversos sistemas mantidos pelo Ministério da Saúde, tais como:

SIM - Sistema de Informação sobre Mortalidade
SINASC - Sistema de Informação sobre Nascidos Vivos
SINAN - Sistema de Informação sobre Agravos de Notificação
SIA/SUS - Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS
SIH/SUS - Sistema de Informações Hospitalares do SUS
SISVAN - Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional
SIAB - Sistema de Informação de Atenção Básica
SISCAT - Sistema de Informação sobre Acidentes de Trabalho
SI-PNI - Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunização

INDICADORES DE SAÚDE


SAÚDE


OMS - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE


" É o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade".

Após primar pela qualidade e cobertura destes dados devemos criar INDICADORES para que se possa comparar os dados de acordo com seu local de origem.

INDICADORES DE SAÚDE - Números absolutos construídos por meio de razões em forma de PROPORÇÕES (parte de todo) ou COEFICIENTES ("risco" de determinado evento ocorrer na população)

COEFICIENTES MAIS USADOS NA ÁREA DE SAÚDE


1-) COEFICIENTES DE MORBIDADE (DOENÇAS):
a-) coeficiente de incidência
b-) coeficiente de prevalência
c-) coeficiente de letalidade

2-) COEFICIENTES DE MORTALIDADE:
a-) coeficiente geral de mortalidade (CGM)
b-) coeficiente de mortalidade infantil (CMI)
c-) coeficiente de mortalidade perinatal
d-) coeficiente de mortalidade materna
e-) coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis

3-) COEFICIENTES DE NATALIDADE:
a-) coeficiente de natalidade
b-) coeficiente de fecundidade

DEFINIÇÕES


MORBIDADE - Número de casos de uma doença em um grupo populacional.
PREVALÊNCIA - Determina a proporção de indivíduos que tem a doença em um determinado momento de tempo.
INCIDÊNCIA - Prediz o risco de que um indivíduo saudável venha a desenvolver a doença em um período de tempo.
LETALIDADE - É o maior ou menor poder que uma doença tem de provocar a morte das pessoas.
MORTALIDADE - Número de óbitos em ralação ao número de habitantes em uma comunidade.
NATALIDADE - Número de nascimentos em relação ao número de habitantes em uma comunidade.

1-) COEFICIENTE DE MORBIDADE
Coeficiente de incidência da doença: representa o risco de ocorrência (casos novos) de uma doença na população. Pode ser calculado por regra de três ou através da seguinte fórmula:
                                                                                                                 n
casos NOVOS da doença em determinada comunidade e tempo x 10
                            população da área no mesmo tempo


Coeficiente de prevalência da doença: representa o número de casos presentes (novos + antigos) em uma determinada comunidade num período de tempo especificado. É representado por:
                                                                                                                          n
casos PRESENTES da doença em determinada comunidade e tempo x 10
                              população da área no mesmo tempo


Coeficiente de letalidade: representa a proporção de óbitos entre os casos da doença, sendo um indicativo da gravidade da doença ou agravo na população. Isso pode ser uma característica da própria doença ( por exemplo, a raiva humana é uma doença que apresenta 100% de letalidade, pois todos os casos morrem) ou de fatores que aumentam ou diminuem a letalidade da doença na população (condições socioeconômicas, estado nutricional, acesso a medicamentos, por exemplo). É dado pela relação:

mortes devido à doença "X" em determinada comunidade e tempo x 100
                             casos da doença "X" na mesma área e tempo


2-) COEFICIENTE DE MORTALIDADE

Coeficiente geral de mortalidade (CGM): representa o risco de óbito na comunidade. É expresso por uma razão, e pode ser calculado, como todos os demais coeficientes, também através de regra de três simples (se numa população de 70.000 habitantes tenho 420 óbitos, em 1000 habitantes terei "x", sendo 1000 o parâmetro que permitirá comparar com outros locais ou outros tempo):

número de óbitos em determinada comunidade e ano x 1000
       população estimada para 01 de julho do mesmo ano


Coeficiente de mortalidade infantil (CMI): é uma estimativa do risco que as crianças nascidas vivas tem de morrer antes de completar um ano de idade. É considerado um indicador sensível das condições de vida e saúde de uma comunidade. Pode ser calculado por regra de três ou através da seguinte razão:

óbitos de menores de 1 ano em determinada comunidade e ano x 1.000
                      nascidos vivos na mesma comunidade e ano

Coeficiente de mortalidade perinatal: segundo a Classificação Internacional de Doenças em vigor (a CID-10), o período perinatal vai da 22ª semana de gestação até a primeira semana de vida da criança, diferenciando da definição anterior (da CID-9) que considerava a partir da 28ª semana de gestação. Dessa maneira, o coeficiente atualmente é dado pela seguinte razão:
                                   
                                       óbitos fetais a partir da 22ª semana de gestação +
                                                  óbitos de menores de 7 dias de vida
                           nascidos vivos + nascidos mortos na mesma comunidade e ano x 1.000

Coeficiente de mortalidade materna: representa o risco de óbitos por causas ligadas à gestação, ao parto ou ao puerpério, sendo um indicador da qualidade de assistência à gestação e ao parto numa comunidade. É dado pela equação:

óbitos devidos a causas ligadas a gestação, parto e puerpério x 100.000
                    nascidos vivos na mesma comunidade e ano


Coeficiente de mortalidade por doenças transmissíveis: é uma estimativa do risco da população morrer por doenças infecciosas e parasitárias (tuberculose, tétano, diarréia  infecciosa, aids, etc.), classificadas atualmente no Capítulo I da CID-10. Quanto mais elevado o resultado deste coeficiente, piores as condições de vida. É dado pela equação:

óbitos devidos a doenças infecciosas e parasitárias (DIP) x 100.000
         população estimada para o meio do ano na mesma área


3-) COEFICIENTE DE NATALIDADE


Coeficiente de Natalidade: representa o número de nascimento em uma população. Pode ser calculado através da seguinte fórmula:

                         Nascidos vivos em determinada área e período x 1.000
                                   população da mesma área, no meio período


Coeficiente de Fecundidade: representa o número de nascimentos em uma população com idade fértil. Por isso, é comum a fecundidade ser expressa também em média de filhos por mulher (por exemplo 2,5 filhos por mulher).

                         Nascidos vivos em determinada área e período x 1.000
                   mulheres de 15 a 49 anos da mesma área, no meio do período


PROPORÇÕES MAIS USADAS NA ÁREA DE SAÚDE


A-) MORTALIDADE PROPORCIONAL POR IDADE
Com base no total de óbitos, fazemos uma regra de três, calculando qual a proporção de óbitos na faixa etária escolhida. Ex: de 20 a 29 anos ou < de 1 ano

B-) MORTALIDADE PROPORCIONAL POR CAUSA DE MORTE
É a proporção que determina causa (ou agrupamento de causas) tem no conjunto de todos os óbitos.

Ex: Mortalidade proporcional por doenças do aparelho circulatório
               Proporção de óbitos por doenças do aparelho circulatório
                            total de óbitos no mesmo período e local

sábado, 18 de junho de 2011

EPIDEMIOLOGIA

MICROBIOLOGIA


O período de 1857-1914 foi denominado de "Idade de Ouro da Microbiologia" com uma explosão de descobertas;
Foram sendo reconhecidos os diferentes micróbios, suas atividades químicas, e a Microbiologia cresceu e se dividiu em várias áreas;


A MICROBIOLOGIA SE ESTABELECE COMO CIÊNCIA


MICROBIOLOGIA MÉDICA
ETIOLOGIA DAS DOENÇAS INFECCIOSAS


SUPERSTIÇÕES PRIMITIVAS
Doenças eram causadas por espíritos maus e demônios: causas sobrenaturais


Para a cura; exorcizar, com tortura dos doentes.



MITOLOGIA GREGA

PANDORA - Possuía uma caixinha que encerrava os males da Humanidade, inclusive as doenças;

ESCULÁPIO (ASCLÉPIO)  - possuía um bastão alado, com uma serpente enrolada, que afastava as doenças e suas 2 filhas ajudavam: HIGIA, evitava as doenças e PANACEA curava as doenças. 



HIPÓCRATES (460- 377 AC) - PAI DA MEDICINA

A saúde depende do equilíbrio de 4 humores: Catarro, bile negra, sangue e bile amarela - TEORIA HUMORAL.
A doença tem causas naturais (MIASMAS)  e não sobrenaturais e está relacionada com águas, ares e lugares.
O doente precisa de cuidados, repouso e boa alimentação.


Os miasmas eram vapores venenosos, de conjugações astrais desfavoráveis e/ou perturbações internas da Terra e envenenavam o ar e as águas, desequilibrando os humores (líquidos biológicos)

Para restaurar o equilíbrio eram feitas sangrias e outras práticas que às vezes, aceleravam a morte do paciente.


GALENO (200 - 160 AC) - PAI DA FARMÁCIA

- As epidemias são causadas por MIASMAS.
- O doente precisa de cuidados, repouso e boa alimentação.
- é possível intervir, apressando a cura com remédios e cirurgias.



FRACASTORIUS DE VERONA (1546)

Publicou o livro "De Contagione", que inaugurou a ciência da EPIDEMIOLOGIA.
Após observar várias epidemias concluiu;

As epidemias são disseminadas por "sementes", transmitidas de uma pessoa para outra, diretamente ou através de objetos.

MICROBIOLOGIA

O período 1857-1914 foi denominado de "Idade de Ouro da Microbiologia" com uma explosão de descobertas;
Foram sendo reconhecidos os diferentes micróbios, suas atividades químicas, e a Microbiologia cresceu e se dividiu em várias áreas.

MICROBIOLOGIA MÉDICA
TRANSMISSÃO DAS INFECÇÕES

ANTIGUIDADE - ANTES DA DESCOBERTA DOS AGENTES INFECCIOSOS

VELHO TESTAMENTO, ANTIGO EGITO, CHINA:

- MOLÉSTIA CONTAGIOSA;
- GUERRAS BIOLÓGICAS;
- CONCEITOS DE SAÚDE PÚBLICA;
Higiene pessoal, tratamento do lixo, isolamento de pacientes

PRIMEIRA TENTATIVA DE DEMONSTRAR A TRANSMISSÃO DAS INFECÇÕES HUMANAS

- JOHN HUNTER (1728-1793)
Se inoculou com material de paciente com gonorréia, mas teve sífilis, invalidando sua teoria.


TRANSMISSÃO DAS INFECÇÕES HUMANAS

AGOSTINO BASSI

Em 1835, pela 1ª vez, provou que um fungo podia causar doença no bicho-da-seda.


LOUIS PASTEUR

Em 1865, provou que outra doença do bicho-da-seda era causada por um protozoário.



TRANSMISSÃO DAS INFECÇÕES HUMANAS

IGNAZ SEMMELWEIS

Dizia em 1840, que ginecologista e parteiras transmitiam febre puerperal às mães e recém-nascidos.


JOSEPH LISTER - CRIADOR DA "CIRURGIA ASSÉPTICA" (1860)



MICROBIOLOGIA MÉDICA
AGENTES DE INFECÇÃO - CULTURA PURA



A principal ferramente para a demonstração das bactérias como agentes patológicos foi a obtenção de culturas puras.

1839, SCHOENLËIN isolou um fungo de uma doença de pele humana - Trichophyton schoenleinii.


1876, ROBERT KOCH   estabeleceu o papel do Bacillus anthracis no carbúnculo.

1882, ROBERT KOCH isolou e identificou o bacilo da tuberculose (BK = Bacilo de Koch).


POSTULADOS DE KOCH

- O microrganismo deve ser regularmente encontrado nas lesões;
- O microrganismo deve ser isolado em culturas puras;
- A inoculação do M.O. isolado em cultura deve produzir a doença em animais de laboratório;
- O microrganismo deve ser re-isolado desses animais,


EPIDEMIOLOGIA HOJE

DEFINIÇÃO

ETMOLOGICAMENTE: 
EPI = SOBRE
DEMOS = POPULAÇÃO
LOGOS = TRATADO

EPIDEMIOLOGIA É PORTANTO, O ESTUDO DE "ALGO" QUE AFETA A POPULAÇÃO

CONCEITO
TRADICIONAL:
Ciência que estuda a distribuição das doenças e suas causas em populações humanas.

IEA - ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE EPIDEMIOLOGIA, 1973

Estudos dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças nas coletividades humanas.

ROUQUAYROL, 1999

"Ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas, analisando a distribuição de fatores determinantes das enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo medidas específicas de prevenção, controle ou erradicação de doenças e fornecendo indicadores que sirvam de suporte de planejamento, administração e avaliação das ações de saúde".

OBJETIVOS

- Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas populações humanas.
- Proporcionar dados essenciais para o planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das doenças, bem como para estabelecer prioridades.
- Identificar fatores etiológicos na gênese das enfermidades. (desde estudos de eficiência e efetividade de programas e serviços de saúde até estudos clínicos de eficácia de processos diagnósticos e terapêuticos, preventivos e curativos, individuais e coletivos.)

EXEMPLOS

- Mortalidade infantil X classes sociais.
- Trombose venosa relacionada X uso de anticoncepcionais.
- Sedentarismo X doenças cardiovasculares.
- Hábito de fumar X câncer de pulmão.
- Comportamento sexual X transmissão de aids.
- Cegueira em crianças subnutridas X avitaminose a.
- Leucemia na infância X exposição de raios x na gestação.





























SCHOENLÊIN