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quarta-feira, 15 de junho de 2011

PSICOFARMACOLOGIA

DEPRESSÃO, ANSIEDADE E TRATAMENTOS

O tratamento para Depressão não restringe-se exclusivamente ao tratamento medicamentoso. A depressão é uma doença "do organismo como um todo", que compromete o físico, o humor e, em consequência, o pensamento. A Depressão altera a maneira como a pessoa vê o mundo e  sente a realidade, ente as coisas, manifesta emoções, sente a disposição e o prazer com a vida. Ela afeta a formo como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas.

Tratamentos psicológicos específicos para episódio depressivo são efetivos, com maior evidências para depressões leves e moderadas.

Os diferentes antidepressivos têm eficácia semelhante para a maioria dos pacientes deprimidos, variando em relação ao seu perfil de efeitos colaterais e potencial de interação com outros medicamentos.

É de suma importância a procura de uma orientação adequada para o diagnóstico e tratamento da depressão. O objetivo do médico, do psiquiatra, psicólogo ou outro profissional é o aconselhamento: ajudando a entender a depressão e desenvolver formas de lidar com ela. A orientação pode ser individual ou em grupo. A família pode ou não estar envolvida. Assim como os medicamentos, o aconselhamento não traz resultados imediatos.

A avaliação médica é necessária para que se saiba os sintomas e por quanto tempo o paciente está acometido pela depressão. Esta avaliação inclui exames físicos e testes laboratoriais. Algumas perguntas facilitam o diagnóstico da depressão, como por exemplo:

- Alguém em sua família sofre de depressão?
- Está tomando algum medicamento?
- Você sofreu alguma alteração ou perda importante em sua vida?
- Tem tido alterações no sono ou no apetite?
- Tem pensado em morte ou suicídio?
- Tem dificuldade de se concentrar no trabalho?
- Tem sentido mudanças no desejo sexual?

ANTIDEPRESSIVOS

Há muitos tipos de antidepressivos. Todos são igualmente eficazes no tratamento dos sintomas da depressão, diferindo apenas nos efeitos colaterais.
Os primeiros antidepressivos amplamente usados foram os tricíclicos. São muito eficazes, mas causam efeitos colaterais porque afetam substâncias químicas do cérebro relacionadas com a depressão. Entre esses efeitos estão boca seca, constipação, visão embaçada, pressão arterial baixa, sonolência diurna e ganho de peso. Os tricíclicos também são perigosos em caso de dosagem excessiva.

Desde 1989, vários novos antidepressivos foram desenvolvido. Eles foram criados para afetar somente a serotonina, uma substância química do cérebro. São mais seguros e mais bem tolerados do que os tricíclicos. Por exemplo, eles raramente causam aumento de peso. O mais popular desses novos antidepressivos é composto por cloridrato de fluoxetina. Esses novos medicamentos também têm possíveis efeitos colaterais, como náusea, insônia, nervosismo e agitação. Como a maior parte dos deprimidos tem dificuldades para dormir, esses efeitos colaterais podem incomodar. Infelizmente, nem todas as pessoas com depressão reagem ou toleram bem aos antidepressivos existentes. Porém, as pesquisas nessa área avançam substancialmente.

SEROTONINA

É uma substância chamada de Neurotransmissor que existe naturalmente em nosso cérebro e, como tal, serve para conduzir a transmissão de uma célula nervosa (neurônio) para outra. Atualmente a serotonina está intimamente relacionada aos transtornos do humor, ou transtornos afetivos e a maioria dos medicamentos antidepressivos agem produzindo um aumento da disponibilidade dessa substância no espaço entre um neurônio e outro.

Outros produtos químicos, ou a falta deles, também podem proporcionar alterações emocionais. Pensando nisso, em meados desse século a medicina começou a suspeitar ser muito provável a existência de substâncias químicas atuando no metabolismo cerebral capazes de proporcionar o estado depressivo. Isso resultou, nos conhecimentos atuais dos neurotransmissores e neuroreceptores, muitíssimos relacionados à atividade cerebral. Alguns desses neurotransmissores, notadamente a serotonina, noradrenalina e dopamina, estão muito associados ao estado afetivo das pessoas. Assim sendo, hoje em dia é mais correto acreditar que o deprimido não é apenas uma pessoa triste, aliás, alguns deprimidos nem tristes ficam. É mais acertado acreditar nos deprimidos como pessoas que apresenta um transtorno de afetividade, concomitante ou proporcionado por uma alteração nos neurotransmissores e neuroreceptores. Inclusive observou-se que as pessoas submetidas a dietas com baixos teores de triptofano, um aminoácido precursor da Serotonina, desenvolviam um quadro depressivo moderado. Também foram realizados testes em pacientes gravemente deprimidos, bem como em pacientes suicidas, e constataram-se também baixíssimos níveis da Serotonina no líquido espinhal dessas pessoas. 

Existe um teste (entrevista) internacional para avaliação do grau de depressão chamado TESTE DE HAMILTON. Esse teste mostra altas pontuações (sugerindo maior depressão) em pessoas com dosagem menor de triptofano. Surgindo a possibilidade de se utilizar o triptofano como coadjuvante no tratamento de pacientes deprimidos.

Também os Transtornos da Ansiedade, principalmente o TOC e o Transtorno do Pânico, estariam relacionados a Serotonina, tanto assim que o tratamento para ambos também é realizado às custas de antidepressivos que aumentam a disponibilidade de Serotonina. Nesses estados ansiosos, também a noradrenalina, estaria diminuído.

A ação terapêutica das drogas antidepressivas ocorre no Sistema Límbico, o principal centro cerebral das emoções. Este efeito terapêutico é consequência de um aumento funcional dos neurotransmissores na fenda sináptica (espaço entre um neurônio e outro), principalmente da Norepinefrina (NE) e/ou da Serotonina (5HT) e\ou da dopamina (DO), bem como alteração no número e sensibilidade dos neuroreceptores. O aumento de neurotransmissores na fenda sináptica pode se dar através do bloqueio da recaptação desses neurotransmissores no neurônio pré-sináptico (neurônio anterior) ou ainda, através da inibição da Monoaminoxidase (MAO), a enzima responsável pela inativação destes neurotransmissores. Será, portanto, os sistemas noradrenérgico, serotoninérgico e dopaminérgico do Sistema Límbico o local de ação das drogas antidepressivas empregadas na terapia dos transtornos da afetividade.

A constatação do envolvimento dos receptores 5HT, conhecidamente implicados na Depressão, também na sintomatologia da Ansiedade para ser um importante ponto de partida para a identidade terapêutica dos dois fenômenos psíquicos como tendo uma raiz comum, seja em relação às causas dos dois transtornos, seja do ponto de vista do tratamento dos dois transtornos com antidepressivos.

NO SONO 
Os baixos níveis de Serotonina estão relacionados com alteração do sono, tão comuns em pacientes ansiosos e deprimidos. Essas alterações do sono, normalmente através da insônia, deve-se ao desequilíbrio entre a Serotonina e um outro neurotransmissor, a acetilcolina.
O tratamento com antidepressivos pode melhorar o desempenho do sono, embora em alguns casos possa haver insônia. Outro efeito que pode ser muito útil dos antidepressivos é em relação ao tratamento de pessoas dependentes de medicamentos hipnóticos (para dormir), já que estes proporcionam um certo desequilíbrio na acetilcolina.


NA ATIVIDADE SEXUAL
Tendo em vista a ação da Serotonina na diminuição da liberação de estimulantes da produção de hormônios pela hipófise, ou seja, quanto mais serotonina menos hormônio sexual, alguns antidepressivos que aumentam a Serotonina acabam por diminuir a atividade sexual.


NO APETITE
A vontade de comer doces e a sensação de já estar satisfeito com o que comeu (saciedade) dependem de uma região cerebral localizada no hipotálamo. Com taxas normais de Serotonina a pessoa sente-se satisfeita com mais facilidade e tem maior controle na vontade de comer doce. Havendo diminuição da Serotonina, como ocorre na depressão, a pessoa pode ter uma tendência ao ganho de peso. É por isso que medicamentos que aumentam a Serotonina estão sendo cava vez mais utilizados nas dietas para perda de peso. Um desses medicamentos é a fluoxetina, a qual, além de tratar a depressão, aumentando a Serotonina, também proporciona maior controle da fome (notadamente para doces).


OUTROS
Também na regulação geral do organismo a Serotonina tem um papel importante. A temperatura corporal, por exemplo, controlada que é no Sistema Nervoso Central (SNC) recebe uma influência muito grande dos níveis de Serotonina. Isso talvez possa explicar porque algumas pessoas têm febre de origem emocional, predominantemente as crianças. Também interfere no limite da sensação da dor. Algumas doenças caracterizadas por dores de tratamento difícil podem ser muito beneficiadas com medicamentos que aumentam a Serotonina. É o caso, por exemplo, da enxaqueca, das lombalgias (dores nas costas) e outros quadros de dor inespecífica.

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